O ex-ministro francês de Relações Exteriores Bernard Kouchner repreendeu em Genebra a comunidade internacional por sua demora em impor uma zona de exclusão aérea, dizendo que já é tarde demais para salvar vidas.
'Uma zona de exclusão aérea é um mínimo. Certamente já é tarde demais', disse Kouchner a uma rádio suíça. 'Mesmo se fôssemos capazes de decidir hoje, já é tarde. Sabemos há três semanas que a pobre sociedade civil, as pobres pessoas, estão morrendo. E nós não estamos fazendo nada.'
A França e a Grã-Bretanha querem que a comunidade internacional imponha uma zona de exclusão aérea que impeça Kadhafii de usar sua artilharia para bombardear os rebeldes e civis. Mas a Itália, que seria uma possível base para essa operação, descartou qualquer intervenção militar. 'Nós não podemos ter guerra, a comunidade internacional não deve, não quer e não pode fazer isso', disse o chanceler Franco Frattini em Roma.
Desconfiança e nervosismo
O clima em Benghazi mescla desconfiança e nervosismo, com alguns cidadãos prevendo um banho de sangue, e outros confiantes de que os rebeldes ainda podem derrubar o líder Muammar Kadhafi, há 41 anos no poder.
O Exército líbio ordenou aos habitantes de Benghazi que deponham as suas armas, e um dos filhos de Kadhafi, Saif al Islam, disse à Euronews TV que o governo irá retomar o controle da segunda maior cidade da Líbia, com ou sem zona de exclusão aérea. 'Tudo vai acabar em 48 horas', disse ele.
A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras disse que precisou retirar seu pessoal de Benghazi, e começou a transferir as equipes para Alexandria, no Egito.
Moradores da localidade rebelde de Misurata, 200 quilômetros a leste de Trípoli, disseram que as forças do governo atacaram a cidade com tanques e artilharia. Um médico local disse que pelo menos cinco pessoas morreram e 11 ficaram feridas. 'Muitos bombardeios pesados estão acontecendo a partir de três lados. Eles estão usando armamento pesado, incluindo tanques e artilharia', disse um morador, chamado Mohammed, por telefone.
Uma vitória de Kadhafi e a repressão aos protestos podem significar uma reversão na onda de levantes populares que recentemente levou à derrubada dos regimes da Tunísia e do Egito.
Referência Bibliográfica: http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2011/03/kadhafi-fecha-cerco-benghazi-reduto-da-oposicao.html
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