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terça-feira, 15 de março de 2011

A identidade do grafite fora dos muros das grandes cidades

De mero vandalismo a obra de arte. Depois de muito tempo, o grafite deixa de ser considerado uma transgressão e passa a ser considerado um âmbito das artes visuais.

Cada vez mais, cresce a procura pelas galerias de arte por artistas que deixam seus traços nos muros das grandes metrópoles. Para encontrar exemplos disso, não precisamos ir longe. No último ano, inaugurou em Porto Alegre a galeria Fita Tape, do já veterano galerista Lucas Ribeiro, mais conhecido como Pexão. O espaço fica no bairro Cidade Baixa e traz grande referência à arte urbana. Outro grande destaque foi a mostra Transfer, que aconteceu no Santander Cultural em 2009, e trouxe grandes nomes da street art como O Gêmeos e Billy Argel.

Bem, em tempos de globalização (sem querer ser piegas), não é de se surpreender que a mídia e outras modalidades artísticas também queiram aproveitar este “boom” urbano. Eis que o grafite chega à publicidade e por conseqüência, ao cinema. Lucas Ribeiro acredita que a importância da sétima arte para o grafite é o registro, já que esta é uma linguagem visual totalmente efêmera.

Há varias discussões sobre estas mudanças uma delas é sobre a identidade da obra. Afinal, ela permanece a mesma ou passa a ser apenas uma referência à arte de rua? Matheus Mombeli traz esta discussão no seu curta-metragem “A Rua e a Chaminé”. O documentário expõe as vivências de vinte artistas e discute a transição da arte urbana para as galerias. O filme faz parte da mostra audiovisual Caóptico, que acontece de 12 de janeiro a 11 de fevereiro no Grande Hall do Santander Cultural.

O evento traz diversos curtas sobre arte urbana e discute o grafite na atualidade. Outro destaque é “Ruas Mirabolantes” de Camila Farina e Tiago Lopes. O filme traz um retrato sobre a exposição Mirabolante Miro onde, por incrível que pareça, aconteceu ao contrário: a obra saiu das galerias e foi direto para os muros de Porto Alegre. Vinte artistas foram convidados para fazer releituras das obras de Joan Miró em forma de cartazes que foram espalhados pelas ruas da capital.

A mudança de ambiente do grafite é um tema que levanta diversas opiniões. Há quem diga que ele será sempre arte de rua e também os que acreditam que, no momento em que deixa as ruas, ele passa a ser apenas uma referencia à cultura urbana. Independentemente da sua opinião, vale a pena visitar a Caóptico. Deixo a dica para quem está na quente Porto Alegre dos meses de verão.
http://pareotrem.com/arquivo/5-edicao/artes-visuais/

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