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segunda-feira, 30 de maio de 2011

De qual classe C estamos falando?

Tornou-se lugar comum pesquisar, estudar ou simplesmente falar sobre a ascensão da classe média (Classe C) brasileira. Mais comum tem sido destacar as enormes oportunidades de negócios decorrentes dessa mudança social.

É inegável que, sob qualquer aspecto, o país passou por uma “revolução” social nos últimos seis anos. É importante, porém, compreender com precisão quem são os milhões de brasileiros que agora pertencem a essa classe média.

De forma simples e intuitiva, denominamos economicamente como classe média aquela que está entre as famílias de maior e de menor renda. Como o Brasil estratifica suas famílias em cinco grupos de renda, classificamos as de maior renda como Classe A e as de menor renda como Classe E, daí o porquê de chamarmos classe média de Classe C.

Entretanto, classe média econômica não é a mesma coisa que classe média social. Fomos, desde os anos 1950, acostumados a entender classe média como conceito social. Um tipo de família com um bom padrão de vida, porém longe de ser rica. Seria aquela família que possui casa própria, o pai e a mãe têm seu próprio carro e seus filhos estudam em colégios privados, pois valorizam a educação.

Ocorre que a Classe C possui renda aproximada entre R$ 1.200,00 e R$ 4.800,00, ou seja, dificilmente poderia ser classificada como classe média a partir daquele conceito social. Por isso, é importante entender que a nova classe média não está à procura de um apartamento de 3 quartos com suíte e duas vagas na garagem, mas busca o seu primeiro imóvel próprio.

Traduzindo aquela ascensão em número: entre 2003 e 2010, a Classe C aumentou em 28 milhões de pessoas e, pela primeira vez na história, a classe média superou o número de pobres no Brasil. Além disso, 7 milhões de pessoas chegaram às classes B e A, engordando aquela classe média em seu conceito social.

E qual o resultado disso? Uma explosão de consumo! Os brasileiros já compram mais de 12 milhões de computadores por ano, mais de 3 milhões de veículos; e, neste ano, pela primeira vez, mais pessoas viajarão de avião do que de ônibus.

E o mercado imobiliário segue a mesma tendência, com dois movimentos simultâneos. Do lado mais visível, o aumento exponencial da venda de imóveis econômicos, um mercado que praticamente não existia.

Em Curitiba, por exemplo, podemos sem dúvida afirmar que a explosão do mercado decorreu do aumento da Classe C. Em 2005 lançamos apenas 1,7 mil apartamentos, sendo 10% de 2 quartos. Em 2010 foram 10 mil apartamentos, sendo 50% de 2 quartos. E mesmo no caso de apartamentos de 3 quartos, a grande maioria foi no padrão econômico, tanto que a metragem total média dos apartamentos caiu quase 40% no mesmo período.

E do lado ainda pouco visível, o aumento da demanda por produtos de maior valor, como apartamento de 4 dormitórios. A intenção de compra deste tipo de imóvel passou de 10% para 16% do total entre 2005 e 2010, o que mostra o aumento do poder aquisitivo e do tamanho desta não mais tão pequena Classe A.

Porém, como só se fala na ascensão da Classe C, o mercado parece que ainda não acordou para o potencial que representa a “nova” Classe A. Muitas famílias estão residindo em imóveis com mais de 20 ou 30 anos, época em que o número de banheiros e vagas de garagem era pequeno e nenhuma tecnologia digital existia. Esse público deseja morar melhor. Está, portando, à procura de bons, amplos e modernos imóveis. Porém uma coisa não mudou, eles ainda desejam os melhores endereços da cidade!

FONTE: http://brainkbm.wordpress.com/2011/05/10/84/

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